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Mini bio e práxis clínica

 

Já que a aventura psicoterápica é algo sério que necessita de um engajamento e do estabelecimento de uma relação de confiança, me pareceu importante fazer uma apresentação do meu percurso e da abordagem clínica na qual me apoio. 

Cyril Regnaud, psicologo e psicanalista

Francês no Brasil, contexto intercultural

 

Tenho um pouco mais de 50 anos e sou originário de Laroque-des-Albères, um pequeno vilarejo medieval nos arredores de Perpignan, no sul da França. Sou também pai de uma menina e vivo em casal intercultural com uma brasileira. Moramos no Rio de Janeiro há uns 15 anos e é nesta cidade que obtive meu título de psicólogo. Certamente, terão adivinhado que houve uma bifurcação no meu percurso : fiz outras coisas antes!

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Engenharia

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Comecei na área da computação no setor espacial em Toulouse (França), e evoluí atuando como gerente, auditor e consultor da Qualidade - tenho um mestrado em sistemas de gestão QSMS (qualidade, segurança, meio ambiente, saúde). É essa nova função que me levou para a Guiana Francesa, na base espacial europeia, e em seguida ao Brasil vizinho. Era cativante, e foi exercendo esta profissão e descobrindo outras culturas que me interessei cada vez mais pelas ciências humanas e sociais : a Guiana conta com umas vinte etnias, sem falar da diversidade presente no Brasil. Progressivamente, entendi que era isso que eu queria fazer na minha vida profissional: acolher, compreender e acompanhar as pessoas em suas dificuldades de ser.

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Psicologia clínica

 

Retornei então à universidade durante 5 anos, no Rio de Janeiro, onde estudei os diferentes saberes da psicologia e escolhendo a especialização clínica. Um pouco mais tarde cursei uma pós graduação intitulada Especialização em psicologia clínica fenomenológica existencial.

Existem inúmeros tipos de terapias que decorrem principalmente de três vertentes primárias. Em qualquer caso aquelas validadas como práticas psicológicas - cuidado com as terapias ditas alternativas! Cada vertente corresponde a uma visão de Homem, a uma compreensão do que é um ser humano, e, portanto, trabalha com diferentes considerações. De maneira caricatural, a psicanálise se concentra no homem do inconsciente e das pulsões. As terapias cognitivo-comportamentais veem nos seres humanos comportamentos e pensamentos que podem ser inapropriados ou distorcidos, e que podem ser "reprogramados".

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Clínica fenomenológica existencial

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A psicanálise e as TCCs são frequentemente conhecidas do público leigo por serem midiatizadas, mas existe uma outra via: a vertente erroneamente chamada Humanista Existencial. Na verdade, são dois modelos distintos embora tenham pontos em coumum: a clínica dita Humanista nasce nos Estados unidos com base em uma leitura "americanizada" de existencialistas e fenomenólogos europeus. Essa terceira via nasce em reação aos dois modelos dominantes na época: em desacordo com o modelo psicanalítico, determinista e marcado pelas ciências naturais, e com o modelo comportamentalista, mecânico, normativo, que esquece a história vivida, os significados e o sentido.

De minha parte, comecei praticando a terapia Humanista de Carl Rogers e finalmente mudei para a clínica fenomenológica existencial, mais consistente a meu ver. Ela pode ser entendida como uma outra maneira de praticar a psicanálise, com uma compreensão ampliada das vicissitudes humanas : por exemplo, o contexto de vida e o contexto histórico são considerados.

É assim, e também um pouco por acaso, que me aproximei de uma psicanalista fenomenólogo, radicado em Paris, que se tornou meu analista e supervisor.

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Psicanálise vs TCC vs fenomenologia existencial​

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Para lhe ajudar a melhor apreender as diferenças, tomemos o exemplo simples de uma fobia de ratinho, caricaturando-o:

  • A terapia cognitivo comportamental vai considerar que não há razão de se temer um ratinho, que é um comportamento inadequado adquirido através de um processo de aprendizagem distorcido. Ela vai então recondicionar o paciente para não mais temer os ratinhos e, em geral, funcionará...para os ratinhos. Pensamos que, sem ter procurado e trabalhado o sentido por trás dessa fobia, o paciente acabará por apresentar outra dificuldade num futuro próximo. Isso dito, se um paciente me procurar para uma fobia do metrô que o impede de ir ao trabalho, o encaminharei a um colega das TCCs e aconselharei uma terapia mais "profunda" depois de ter resolvido a emergência.

  • A psicanálise ‘tradicional’ vai procurar um sentido escondido baseando-se em seus pressupostos e poderá, por exemplo, ver nesse medo uma angústia de castração, buscando um segredo nas profundezas do inconsciente. Se esse modelo considera que o ratinho em si não é o problema, pensamos que pode se restringir demais ao sempre se ater aos seus pressupostos. 

  • A orientação fenomenológica existencial vai, como no caso da psicanálise, considerar que o que importa é a o que se refere o ratinho, mas ampliando a compreensão sem apriori a temas existenciais  : o paciente não se confronta com um rato, mas pode de fato enfrentar uma dimensão da existência como a perda de controle, a alteridade, o sentimento de impotência, a fragilidade, etc. É isso que precisa ser encontrado e compreendido, a partir das vivências da pessoa. Por exemplo, se identificarmos o sentimento de impotência como tema central para um paciente, poderemos procurar compreender como esse sentimento se estabeleceu e se sedimentou. Poderemos também ver como ele poderia desenvolver sua própria potência de agir, em particular identificando suas afinidades eletivas. Uma vez nos trilhos de sua vida, o ratinho, o elevador, o avião se tornarão simples detalhes.

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Como disse acima, forcei os traços para facilitar a compreensão: é mais sútil e complexo! Todas as orientações clínicas têm potencialidades e limitações diante de uma área tão complexa do conhecimento. Cabe acima de tudo ao paciente encontrar a orientação e o/a psi que mais lhe convier.

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Inge
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