Mal-estar contemporâneo e Terapia Situacional
- Cyril Regnaud

- 7 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de fev. de 2021
Nota: Uma turma começou no dia 19 de junho de 2020 e terminou no dia 7 de agosto. Temos agora no Brasil mais quatro psicólogos clínicos sensibilizados ao mal-estar contemporâneo e à terapia situacional, após 15 horas bem cheias de curso! Quem ficar interessado pode se manifestar e avisarei quando for possível iniciar uma nova rodada.
A proposta do curso que ora apresento foi debatida com dois colegas Gestalt terapeutas. Consideraram que seria relevante e integrável à práticas deles, o que não foi tão surpreendente já que a Gestalt terapia se apoia na fenomenologia e no existencialismo. A ideia é divulgar a análise do mal-estar contemporâneo e os eixos clínicos propostos pelo Prof. Dr. Miguel Benasayag, para eventualmente criar mais adiante um grupo de estudo e/ou de supervisão com ele mesmo.
No contexto atual de pandemia e diante das dificuldades que se anunciam no mundo pós pandemia, acredito que a Terapia Situacional pode ser de grande ajuda.
O que é a terapia situacional?
Trata-se de uma ferramenta a mais para o trabalho na clínica com a crescente complexidade das demandas dos “novos” pacientes. A proposta é uma elaboração do psicanalista (fenomenológico existencial) e filósofo franco-argentino Miguel Benasayag para tentar compreender o sujeito afetado pelo mal-estar contemporâneo. Mal-estar que, segundo o referido pesquisador, se enraíza no que ele denomina crise epocal, com mudanças abruptas e rupturas antropológicas. Passagem de época que assim pode ser sintetizada: Até os anos 1970-80 o ideal de progresso anunciava a promessa de um futuro promissor. Atualmente, essa perspectiva se inverteu drasticamente. Nossa época, tornou-se obscura, complexa e o futuro é visto, não sem razão, como sendo repleto de ameaças. Além disso, o fenômeno da digitalização e da hibridização tende a diminuir a potência de agir dos indivíduos. Ou seja, o sofrimento atual, muitas vezes, não é redutível a uma questão endógena e, portanto, é preciso fugir, um pouco, do psicologismo e da psiquiatrização dos sofrimentos para compreendê-lo. Tais transformações culturais, inevitavelmente, afetam as subjetividades com implicações na vida cotidiana. Encontrar ou reencontrar um modo de agir na complexidade é o desafio para cada paciente e para cada um de nós como profissionais do campo psi.
Para quem quiser ler esse autor em português, existe apenas este livro que eu traduzi, sendo que me apoio em outros trabalhos para o desenvolvimento desse curso.
A título informativo, seguem alguns autores de referência do Prof. Dr. Miguel Benasayag: Baruch Espinoza, Jean-Paul Sartre, Ludwig Binswanger, David Cooper, Gilles Deleuze e Félix Guatarri.
Como é articulado o curso?
Um encontro semanal durante 7 semanas, com duração aproximada de 2hs.
Conteúdo:
Conceitos básicos de Espinoza antes de caracterizar nossa época com um enfoque especial para a questão da digitalização e da hibridização homem-artefato;
Aspectos relacionados à prática clínica;
O sofrimento psíquico no trabalho ante os impasses da contemporaneidade. Sobre esse último assunto, a ideia é de ter uma visão geral dos fenômenos deletérios para a saúde mental no mundo organizacional, a partir de dois autores de destaque ao nível internacional que são Christophe Dejours (psicanalista) e Vincent de Gaulejac (sociologia clínica), articulando esses autores com as pesquisas de Miguel Benasayag.
Pra quem?
Psicólogos clínicos perplexos e/ou preocupados com a nossa época, que percebem que há um vínculo com o mal-estar dos seus pacientes e que não sabem muito bem o que fazer. A compreensão deve ser facilitada pra quem já se apoia na fenomenologia (ACP, Existencialismo, Gestalt), mas deve ser compreensível para os psicoterapeutas de outras abordagens que tenham interesse em identificar outras perspectivas para o trabalho na clínica.
Quando?
Podemos tentar definir um dia e um horário em função das disponibilidades dos participantes. Pode ser de noite durante a semana ou no sábado de manhã, iniciando quando houver participantes suficientes e prontos.
Onde?
No mundo digital, no aplicativo Zoom ou Jitsi
Número de participantes e valor
Pequeno grupo de 4 até 6 pessoas no máximo, para facilitar as interações sem consumir o tempo disponível. O valor é de 50 reais por encontro de 2h.
Possibilidade de certificado para quem precisar.
Interessado? Entre em contato pelo zapp: (21) 97478 3007
Até breve!
Cyril Regnaud, psicólogo CRP-RJ 05/50817



Comentários